sábado, 13 de março de 2010

AOS ALUNOS: A RETRATAÇÃO

Hoje, pensei em começar a aula de uma forma diferente. Acredito que quando as coisas estão em desordem e se somos nós os responsáveis por essa falta de ordem, cabe ao responsável no mínimo a retração, porque “a dignidade tem que prevalecer, é o mínimo que resta de cada um”.

Gostaria, se não for pedir demais, que essas palavras fosse recebidas como se sussurros fossem, deviam ser ditas a dois, mas como as circunstâncias não permitem, informo que elas têm destino certo.

Ao pensar nas minhas andanças ao longo desses vinte e nove anos bem vividos, me peguei olhando pro passado, refiz minha trajetória e escavei entre minhas lembranças as pegadas dadas, tive o cuidado de não esquecer nenhuma delas, TODAS foram revisitadas, desde as mais firmes até as mais fracas, porque embora estas não tenham sido fortes, não foram menos importantes. Elas, eu querendo ou não, receberam minha marca, foram feitas por mim; portanto, me sinto orgulhoso de todos os momentos vividos, de todos os passos dados, sejam eles alegres ou tristes. Prendo mais atenção aos que não são tão agradáveis e não os vejo como melancólicos ou outro predicado de mesmo gênero, percebo neles o estímulo para ultrapassar barreiras, pois sem os quais nada seria possível. Ou talvez o desejo de ir adiante tivesse esbarrado na primeira sensação de comodismo.

Andei por lugares que só os dotados de muita coragem teriam a ousadia de passar, estes caminhos, por não serem tão comuns, se mostravam pouco convidativos e por isso, talvez me tornaram mais preocupado, porque a minha formação orientava que tais passos dados poderiam ser reprovados por quem me acolhia. Eu não me dava conta de que esse espaço de sociabilidades carregado de vícios, também, era hipócrita. Quando dei por conta desta verdade, tão certa, tão forte e tão simples, fiquei menos amedrontado, porque pior do que a omissão é ser covarde, é esconder-se atrás de desejos e vontades reprimidos, causando um mal a si próprio. É não ter a dignidade de se permitir conhecer o oposto, o diferente, é não ter a coragem de se resolver, livremo-nos de nossos fantasmas.

Também andei por lugares comuns, vivido por muitos e regado ao doce sabor do comodismo, do formal. Eles em alguns momentos se mostram corriqueiros, sem graça, sem atrativos, mais precisavam ser saboreados; sem degustá-los, corre-se o risco de pré-julgar e não se apedreja o desconhecido, não se compara ou julga quem quer que seja sob os valores que eu acredito serem verdadeiros, porque como somos repletos de identidades, podemos cair na intolerância, no desrespeito. Não posso negar que foram experiências enriquecedoras e que contribuíram para eu ser quem sou.

Na verdade, o momento pediu esclarecimentos e tudo tem um porquê e o objetivo, de todo este texto é simples: consiste na minha retratação. Não só reconhecer os erros, mas acima de tudo procurar repará-los, contornando a(s) situação (ões). Penso que um pedido de desculpas não adianta, ele não tem o poder de voltar no tempo e desfazer o que já foi feito, portanto, cabe o reconhecimento do erro e garantir que o mesmo não mais ocorra. Penso que a relação Professor e aluno não pode ficar presa as fronteiras do profissionalismo, isso torna o ambiente frio e a convivência seca. Eu sou gente que trabalha pra gente e que gosta de gente. Primo muito pela sinceridade, ela deve prevalecer sempre, não confio em pessoas que se mostram de maneira dupla e não transpiram a menor gota de confiança. Será que fui inocente? Logo eu?! Sempre tão correto, atento, observador. Isto vem como alerta, indicando que nem sempre é bom confiar demais e que determinadas coisas devem ficar debaixo das camadas de dúvidas que nos constituem.

Bom....mesmo assim, ainda fica a esperança e a orientação: que a coragem prevaleça sempre, não importa a dor que cause, é sempre bom ouvir a verdade. Se ela de alguma forma nos destruir, é um alerta, nos avisando que é chegado o momento para recomeçar. Portanto, retomarei o meu caminho, preciso recomeçar, o caminho é longo e desconhecido, as pegadas precisam ser feitas, firmes ou fracas, não importa, apenas, eu as devo fazer.

P.s: Se você achar que é válido estarei aqui, disposto a entender e a ouvir qualquer coisa! até mesmo um suspiro. Mas se prevalecer o silêncio, não se preocupe, eu também, entenderei.

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