quarta-feira, 17 de março de 2010

REFLEXÕES SOBRE O AMOR

“Se é isso que me tem ao certo, a moça de sorriso aberto, ingênua de vestido assusta, me afasta do ego imposto”.

Interpretação de Maria Gadú

Crônica dedicada a minha amiga Ivânia Saila que a cada conversa mostra-me a Beleza da vida e sem querer me torna mais humano, por isso, amo-te. Bjs minha fulô.


Em um dos ensaios do espetáculo Mamas de Tirésias dirigido por minha amiga Sonária Vasconcelos, que além de prodigiosa diretora, é uma atriz competentíssima. Lembro-me que em uma de nossas leituras discutíamos o texto e na ocasião um colega do elenco disse a seguinte frase: “Não se cria mais nada, tudo já foi dito” um ímpeto de raiva me subiu a cabeça e de repente eu disse: não concordo, ainda tem muita coisa que precisa ser dita. O certo é que isso gerou uma discussão muito calorosa. Bem, a maioria dos atores concordou comigo, mas discussões a parte. Resolvi começar com este relato porque hoje mais do que nunca tenho a certeza que realmente eu estava certo, digo isso não com o peito cheio de empáfia, ou então, para demonstrar que sou o repositório da verdade. Digo isso porque acabo de vê a mais nova revelação da música popular brasileira (falo música), isso mesmo, falo da jovem garota Maria Gadú. Talentosa, com personalidade e muito originalidade, não é fácil ser original no mundo em que as pessoas têm preguiça de estudar, de criar, de inventar e procurar o novo. Ela é a prova viva de que com criatividade podemos ainda fazer muita coisa sem termos a falsa ilusão de que já fora dito. Pode- se falar do amor de uma forma que ainda não foi dita?

É estupidamente saudável encontrar com o novo, com o desconhecido, ouvir alguém dizer de outra forma o que já viu, viveu e sentiu. Quem não já ouviu os famosos versos de Luís Vaz de Camões e que de tão repetidos foram eternizados. E hoje é referência quando se fala de amor. Mas informo que eles nem sempre servem para externar o amor que deveras senti, por isso, não nos conformemos, ousemos, digamos de outra forma, mesmo que não seja tão rimada, tão polida, tão caprichada, tão pensada. Deforme, faça pelas beiradas, pelas bordas, ultrapasse as fronteiras, diluindo-as, como faz Gadú “ Ser capitã desse mundo poder rodar sem fronteiras, viver o ano em segundos não acha sonhos besteira, me encantar com um livro que fale sobre vaidades, quando mentir for preciso poder falar a verdade” . Na verdade é pra dizer diferente, peço só originalidade. Mais se Camões não servir de inspiração, procure a crônica de Arnaldo Jabor, ele também sabe falar sobre o amor. Não como Camões, mais como homem, como viril, como amante e também como quem foi desprezado por não conseguir despertar em outra pessoa tão nobre sentimento. Gadú em outra música diz assim:


“sei lá a tua ausência me causou um caos ...

Então, tu tome tento com o meu coração

Não deixe ele vir na solidão

Encabulado por voltar a sós,

Depois que o que é confuso te deixar sorrir

Tu me devolva o que tirou daqui

Que meu peito se abre desatar o nós”.


Esse trecho me remete a seguinte indagação: o que acontece quando deixamos de amar? Será que devolvemos o amor que tínhamos e agora não temos mais, ou será que quem não é mais amado vem buscar o amor que nos fora dado? Maria Gadú ainda lembra:


“Se enfim você um dia resolver mudar

Tirar meu pobre coração do altar

Te devolver como se deve ser,

Ou então,

Dizer que dele resolveu cuidar,

Tirar da cruz e o canonizar,

Digo faço melhor do que padecer.

Meu cais deve ficar algum lugar assim,

Tão longe quanto eu possa ver de mim,

Onde ancoraste teu veleiro em flor,

Sem mais a vida vai passando no vazio,

Estou com tudo a flutuar no rio,

Esperando a resposta ao que chamo de amor”.


E será que a resposta vem mesmo? Como ficamos quando ela chega? Se for boa até quando será que dura esta impressão? Será que perdura até percebermos que não somos mais amados e nem correspondidos? Será que adoecemos por excesso do amor ou por falta dele? Mais é por excesso ou falta? Será que nós inventamos esse sentimento? São tantas inquietações, mas como já dizia Manoel de Barros “Tudo que não invento é falso”, portanto invento o amor, logo ele não é falso.

Penso que o amor nada mais seja do que pensarmos repetidas vezes no ser que gostamos, é querer está perto, querer continuar com aquela companhia agradável e juntos compartilhar confidências sem reservas e desconfianças, pois


“De todo o amor que eu tenho metade foi tu que me deu,

Salvando minh’alma da vida,

Sorrindo e fazendo meu eu”.


O certo é que vamos continuar com essas incertezas, contudo uma coisa é certeza, conceituá-lo é difícil, o máximo que pode acontecer serão os apaixonados falarem dele porque estão vivendo sob o ímpeto de seu descobrimento ou encantamento, ou então, os desiludidos falarem de forma dolorida os seus desencantos, porém, que seja assim, mais que seja ousado, diferente, sem cairmos na mesmice.


Erasmo Amorhim, aprendiz de Pedro Bial.

AO AMIGO LUIZ PASSOS


Boa Noite! Hoje não iremos começar a premiação do FAC como de costume, resolvemos fazer diferente, e a quebra deste protocolo tem uma razão toda especial, consiste no reconhecimento do trabalho de um jovem, porém, grande profissional. Reconhecimento, palavra carregada de simbologia e que reflete a gratidão das pessoas em relação à outra, pois de alguma forma este alguém que se homenageia consegue se destacar dentre tantos outros profissionais.

Professor Luís, tomei a liberdade de usar o nome da Direção, Coordenação, dos seus colegas professores, dos seus alunos e dos pais de nossos educandos para parabenizá-lo por todo o empenho e dedicação emprestado na realização deste evento. Faço isso porque sei o quão é prazeroso ser reconhecido, o reconhecimento nos faz bem, as homenagens, ao mesmo tempo que, nos envaidece, também nos impreguinam de muitas responsabilidades, pois temos o compromisso de continuar mantendo a qualidade. Somos frutos de uma sociedade que não nos educa para o reconhecimento, não nos educada para ressaltar as qualidades e as virtudes dos outros, não nos educada para reconhecer nossos erros, nem assumir nossas fragilidades, nossas inseguranças, por isso nós que fazemos o Colégio Diocesano conseguimos ver ao longe o vento do que é bom, por isso vimos parabenizá-lo.

Senhores Pais, afirmo com toda segurança que os filhos de vocês estão em mãos perfeccionistas, dedicadas, profissionais, comprometidas e sérias. É muito difícil ser Professor neste país, principalmente porque a educação nunca foi e ainda não é prioridade de nossos governantes. Mas mesmo assim, nós que encontramos nela a única forma de transformação social e que possibilita a construção de uma sociedade justa, soberana e fraterna, venho estender a nossa admiração por seu compromisso mesmo percebendo que diante de tantas criticas, ainda encontramos profissionais que fazem da profissão de Professor uma arte.

O tempo e o lugar deste evento escorre como um rio em enchente. Transbordam. O FAC é a mais bela representação da criação, são crianças e jovens que externam seus sentimentos, seus talentos, enfim fazem arte Professor! Há algo mais belo que isso?

Portanto, Luís Carlos Passos é o professor que esgrime a arte em torno de si e dos seus. Ele nos ensina o valor que ela tem, enganam que estão a mostrar, versos e tintas, mas é a nós que mostram. Olho em volta e vejo que aqui estamos todos nós, em torno do amigo e do Professor, do grande Profissional que não para de ser, e não se cansa de nos chamar a ser artistas também. Agora eu entendo o porquê de ficarmos aqui no SESC até uma hora da manhã organizando o espaço e revendo os últimos detalhes para o início do evento. O FAC expressa o trabalho do jovem Professor que mistura-se e multiplica-se em torno de nós, tornando-se uma das mais novas referências na educação Parnaibana.

Um forte abraço.

domingo, 14 de março de 2010

DO ASTERÓIDE B612 PARA O FIO TELEGRÁFICO


Ontem, ao conversar com uma amiga pelo MSN e após relatar minhas incertezas, angústias e inquietudes fui apresentado ao poeta Mário Quintana e a um extraordinário poema intitulado: Poeminha Sentimental, portanto, aprecie.

POEMINHA SENTIMENTAL

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam
Mário Quintana


Após aprendê-lo resolvi substituir o nome MARIA pelo seu e, em seguida, fiquei a me perguntar: Em qual dessas andorinhas você se encaixaria? A resposta ainda foi dada, até porque seria uma injustiça; correria o risco de no mínimo ser injusto, por isso, preferi não arriscar. Peço que você volte lá no poema e faça o exercício (substitua o nome Maria pelo seu) e depois... se auto-avalie e veja qual delas pode lhe representar.

Neste momento abro mão de meu precioso tempo e me dedico a fazer o registro destes pensamentos que me consomem. Eles ficam a gritar, pedindo para saírem do mundo cognitivo e ganhar espaço na literatura, confesso que, às vezes, me sinto angustiado com tanta insistência. Seu silêncio me consome e dilacera, não sei o que depreender dele. Toda essa situação deixou, apenas, pontos positivos e garanto lhe que gostar sozinho me permitiu ser uma pessoa mais tolerante e paciente comigo mesmo.

Esse longo hiato que nomeio de silêncio, me fez conviver com o exercício diário da paciência. Olhe, em momento algum lhe pedi amor eterno ou coisa do gênero, na verdade, ainda não pedi nada, ou quase nada. Pedi, unicamente, uma resposta, apenas isso.

Portanto, você deve estar se perguntando: o que ele quer afinal? Mais proximidade, privar de sua companhia, conversar sobre assuntos diversos, mesmo que esporadicamente, nos conhecer vagarosamente? Nunca meus pensamentos foram povoados com a temática: sexo. Penso ser ele uma consequência de encontros, falas, pensamentos e diálogos e, para isso acontecer, é preciso ter consciência de que é o que realmente se quer, porque senão corremos o risco de após o ato nos sentirmos um trapo. Confesso que não sou um apreciador dileto dele, às vezes prefiro as preliminares, elas nos fazem tão bem, ao ponto de duas pessoas se tornarem uma, deixando de lado a razão e permitindo que o desejo comande o momento.

Mas, por outro lado, confesso que sua ausência no meu aniversário mexeu muito comigo, mas o que mais me deixou pensativo foi o fato de você não se dá ao cuidado de se justificar, por um instante coloquei todos os seus predicados sob suspeita. Senti-me sem importância, não conseguia conectar este descaso ao diálogo daquela noite. Perguntava a mim mesmo, porque tanta educação em um momento e em outro se mostra tão indiferente? Logo você... sempre tão gentil.

Tanta indiferença me conduziu a essa outra canção interpretada por Ana Carolina

“Aqui, eu nunca disse que iria ser a pessoa certa pra você, mas sou eu quem te adora.
Se fico um tempo sem te procurar é pra saudade nos aproximar e eu já não vejo a hora.
Eu não consigo esconder, certo ou errado, eu quero ter você.
Ei, você sabe que eu não sei jogar, não é meu dom representar.
Não dá pra disfarçar.
Eu tento aparentar frieza, mas não dá, é como uma represa pronta pra jorrar,
querendo iluminar a estrada, a casa, o quarto onde você está.
Não dá pra ocultar, algo preso quer sair do meu olhar,
atravessar montanhas e te alcançar, tocar o seu olhar,
te fazer me enxergar e se enxergar em mim.
Aqui, agora que você parece não ligar, que já não pensa
e já não quer pensar, dizendo que não sente nada...”

Eu já não sei mais o que fazer. Tudo que estava ao meu alcance foi feito. Mas chega um momento que, depois de se mostrar tanto. a gente cansa. Mas se um dia alguém perguntar a você se foi querida, não exite, diga: fui, mas não puder retribuir, meus valores não me permitiram.

Hoje, como nas palavras de Ana Carolina
“Estou lembrando menos de você, falta pouco pra me convencer, que sou a pessoa errada...”
Não se esconda atrás do silêncio. Não abro mão de uma resposta, como já lhe disse, uma simples letra “A” ou um “ponto”. Porque por mais que eu me esforce.... o silêncio não pode expressar o que eu desejo saber.

P.S: Este foi o último e-mail, o cansaço e o amor próprio me impedem de continuar. Ia esquecendo: que andorinha lhe representa?

Abraços afetuosos!