Todas as quintas e sextas-feiras, antes que a tarde se despeça do dia e, triunfantemente, anuncie o início singelo da noite que se principia, uma ansiedade toma conta de mim. Uma força inexplicável me domina a ponto de fazer com que me distancie do conteúdo que ministro e volte minha atenção para o horizonte. Como já é de costume, busco ao longe a imagem da amiga, da contagiante e incrível pessoa que não cansa de ensinar que a vida ao lado dos amigos tem um sentido diferente tornando útil nossa existência. Vejo, do alto do primeiro andar, Naná. Envolvida pelas vestes que a diferenciam de muitos profissionais (trajes de PROFESSORA), e sua presença na simples escadaria anuncia que sua jornada diária findou-se, seu compromisso com as crianças, pelo menos naquele dia, estava cumprido. Mas, não é só isso que me proponho a narrar, revelo que o acenar clássico que nos envolve, faz com eu, lá do alto, envie beijos e acenos, fazendo mensageiro e portador o vento que os levam em quantidade imensurável. Além dos repetidos, e não menos sinceros, acenos e beijos, do outro lado, o ritual também se repete só que eles vêm em sincronia e aos montes. Os mais diversos beijos e gestos se misturam e me chegam num emaranhado sutil e gracioso carregando muita simbologia. Naná, em gestos delicados e cuidadosos recebe, com o encanto de uma criança, os sinais míticos encaminhados. E sobre eles, lança cuidado e zelo como quem tem medo de perdê-los. Mas será medo ou excesso de atenção para com nobres e verdadeiros gestos? Ao certo não sei o que se passa, limito-me, apenas, em admirar tão longos e cuidadosos afagos. De lá, e não menos importantes, vejo trazidos, pelo leve toque da brisa, os beijos e gestos que denunciando a angelical ternura escancarada em demonstrações que transcendem qualquer explicação ou entendimento. O que faz pessoas, que há tão pouco tempo se conhecem, externem tão sinceros e francos sentimentos? Vidas passadas que hoje entrelaçadas pela amizade, se permitem prolongar o que foi interrompido em outras existências? Ao certo não sei. Sei que é bom e que é sincero e que sempre que eu a encontrar e que nosso contato estiver próximo e apenas poucos metros apenas nos separem, eu irei repetir, como sempre fiz, a cena, em câmera lenta, do nosso abraço caloroso e que já se tornou marca registrada. Dizer que as lágrimas não estão sento contidas, durante a escrita deste texto, seria negar o desejo de deixá-las à vontade. Mesmo assim as contenho e impeço com sofreguidão que o pranto inunde a fase que por repetidas vezes demonstrou se alegrar com sua presença.
“Se é isso que me tem ao certo, a moça de sorriso aberto, ingênua de vestido assusta, me afasta do ego imposto”.
Interpretação de Maria Gadú
Crônica dedicada a minha amiga Ivânia Saila que a cada conversa mostra-me a Beleza da vida e sem querer me torna mais humano, por isso, amo-te.Bjs minha fulô.
Em um dos ensaios do espetáculo Mamas de Tirésias dirigido por minha amiga Sonária Vasconcelos, que além de prodigiosa diretora, é uma atriz competentíssima. Lembro-me que em uma de nossas leituras discutíamos o texto e na ocasião um colega do elenco disse a seguinte frase: “Não se cria mais nada, tudo já foi dito” um ímpeto de raiva me subiu a cabeça e de repente eu disse: não concordo, ainda tem muita coisa que precisa ser dita. O certo é que isso gerou uma discussão muito calorosa. Bem, a maioria dos atores concordou comigo, mas discussões a parte.Resolvi começar com este relato porque hojemais do que nunca tenho a certeza que realmente eu estava certo, digo isso não com o peito cheio de empáfia, ou então, para demonstrar que sou o repositório da verdade. Digo isso porque acabo de vê a mais nova revelação da música popular brasileira (falo música), isso mesmo, falo da jovem garota Maria Gadú. Talentosa, com personalidade e muito originalidade, não é fácil ser original no mundo em que as pessoas têm preguiça de estudar, de criar, de inventar e procurar o novo. Ela é a prova viva de que com criatividade podemos ainda fazer muita coisa sem termos a falsa ilusão de que já fora dito. Pode- se falar do amor de uma forma que ainda não foi dita?
É estupidamente saudável encontrar com o novo, com o desconhecido, ouvir alguém dizer de outra forma o que já viu, viveu e sentiu. Quem não já ouviu os famosos versos de Luís Vaz de Camões e que de tão repetidos foram eternizados. E hoje é referência quando se fala de amor. Mas informo que eles nem sempre servem para externar o amor que deveras senti, por isso, não nos conformemos, ousemos, digamos de outra forma, mesmo que não seja tão rimada, tão polida, tão caprichada, tão pensada. Deforme, faça pelas beiradas, pelas bordas, ultrapasse as fronteiras, diluindo-as, como faz Gadú “ Ser capitã desse mundo poder rodar sem fronteiras, viver o ano em segundos não acha sonhos besteira, me encantar com um livro que fale sobre vaidades, quando mentir for preciso poder falar a verdade” . Na verdade é pra dizer diferente, peço só originalidade. Mais se Camões não servir de inspiração, procure a crônica de Arnaldo Jabor, ele também sabe falar sobre o amor. Não como Camões, mais como homem, como viril, como amante e também como quem foi desprezado por não conseguir despertar em outra pessoa tão nobre sentimento. Gadú em outra música diz assim:
“sei lá a tua ausência me causou um caos ...
Então, tu tome tento com o meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós,
Depois que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que meu peito se abre desatar o nós”.
Esse trecho me remete a seguinte indagação: o que acontece quando deixamos de amar? Será que devolvemos o amor que tínhamos e agora não temos mais, ou será que quem não é mais amado vem buscar o amor que nos fora dado? Maria Gadú ainda lembra:
“Se enfim você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Te devolver como se deve ser,
Ou então,
Dizer que dele resolveu cuidar,
Tirar da cruz e o canonizar,
Digo faço melhor do que padecer.
Meu cais deve ficar algum lugar assim,
Tão longe quanto eu possa ver de mim,
Onde ancoraste teu veleiro em flor,
Sem mais a vida vai passando no vazio,
Estou com tudo a flutuar no rio,
Esperando a resposta ao que chamo de amor”.
E será que a resposta vem mesmo? Como ficamos quando ela chega? Se for boa até quando será que dura esta impressão? Será que perdura até percebermos que não somos mais amados e nem correspondidos? Será que adoecemos por excesso do amor ou por falta dele? Mais é por excesso ou falta? Será que nós inventamos esse sentimento?São tantas inquietações, mas como já dizia Manoel de Barros “Tudo que não invento é falso”, portanto invento o amor, logo ele não é falso.
Penso que o amor nada mais seja do que pensarmos repetidas vezes no ser que gostamos, é querer está perto, querer continuar com aquela companhia agradável e juntos compartilhar confidências sem reservas e desconfianças, pois
“De todo o amor que eu tenho metade foi tu que me deu,
Salvando minh’alma da vida,
Sorrindo e fazendo meu eu”.
O certo é que vamos continuar com essas incertezas, contudo uma coisa é certeza, conceituá-lo é difícil, o máximo que pode acontecer serão os apaixonados falarem dele porque estão vivendo sob o ímpeto de seu descobrimento ou encantamento, ou então, os desiludidos falarem de forma dolorida os seus desencantos, porém, que seja assim, mais que seja ousado, diferente, sem cairmos na mesmice.
Boa Noite! Hoje não iremos começar a premiação do FAC como de costume, resolvemos fazer diferente, e a quebra deste protocolo tem uma razão toda especial, consiste no reconhecimento do trabalho de um jovem, porém, grande profissional. Reconhecimento, palavra carregada de simbologia e que reflete a gratidão das pessoas em relação à outra, pois de alguma forma este alguém que se homenageia consegue se destacar dentre tantos outros profissionais.
Professor Luís, tomei a liberdade de usar o nome da Direção, Coordenação, dos seus colegas professores, dos seus alunos e dos pais de nossos educandos para parabenizá-lo por todo o empenho e dedicação emprestado na realização deste evento. Faço isso porque sei o quão é prazeroso ser reconhecido, o reconhecimento nos faz bem, as homenagens, ao mesmo tempo que, nos envaidece, também nos impreguinam de muitas responsabilidades, pois temos o compromisso de continuar mantendo a qualidade. Somos frutos de uma sociedade que não nos educa para o reconhecimento, não nos educada para ressaltar as qualidades e as virtudes dos outros, não nos educada para reconhecer nossos erros, nem assumir nossas fragilidades, nossas inseguranças, por isso nós que fazemos o Colégio Diocesano conseguimos ver ao longe o vento do que é bom, por isso vimos parabenizá-lo.
Senhores Pais, afirmo com toda segurança que os filhos de vocês estão em mãos perfeccionistas, dedicadas, profissionais, comprometidas e sérias. É muito difícil ser Professor neste país, principalmente porque a educação nunca foi e ainda não é prioridade de nossos governantes. Mas mesmo assim, nós que encontramos nela a única forma de transformação social e que possibilita a construção de uma sociedade justa, soberana e fraterna, venho estender a nossa admiração por seu compromisso mesmo percebendo que diante de tantas criticas, ainda encontramos profissionais que fazem da profissão de Professor uma arte.
O tempo e o lugar deste evento escorre como um rio em enchente. Transbordam. O FAC é a mais bela representação da criação, são crianças e jovens que externam seus sentimentos, seus talentos, enfim fazem arte Professor! Há algo mais belo que isso?
Portanto, Luís Carlos Passos é o professor que esgrime a arte em torno de si e dos seus. Ele nos ensina o valor que ela tem, enganam que estão a mostrar, versos e tintas, mas é a nós que mostram. Olho em volta e vejo que aqui estamos todos nós, em torno do amigo e do Professor, do grande Profissional que não para de ser, e não se cansa de nos chamar a ser artistas também. Agora eu entendo o porquê de ficarmos aqui no SESC até uma hora da manhã organizando o espaço e revendo os últimos detalhes para o início do evento. O FAC expressa o trabalho do jovem Professor que mistura-se e multiplica-se em torno de nós, tornando-se uma das mais novas referências na educação Parnaibana.